terça-feira, abril 18, 2006

Homem doméstico - cena 0.5

Mês e meio depois. Manhã.
José está sentado na cozinha, em pijama e descalço a olhar atentamente para os seus pés. Maria entra toda aprumada e cheia de presa. Vai mexendo nos armários e tirando deles alimentos que vai ingerindo rapidamente e sem se sentar.
- Então amor, o que vais fazer hoje? - pergunta a José entre duas goladas de café.
José responde, sem tirar os olhos dos seus pés:
- Estava a pensar cortar as unhas dos pés. - Levanta um dos pés na direcção de Maria e pergunta-lhe - O que achas?
Maria olha e vira-se rapidamente.
- Pois... E depois disso? Deixei uma máquina de roupa para estenderes.
- Mas a...... - José lembra-se que já não têm empregada devido ao seu desemprego - Está bem. O que queres que eu faça mais?
Maria dirige-se à sua mala e tira de lá uma enorme folha.
- Bom, já que falas nisso. - entrega a folha a José - Aqui está uma pequena lista de coisas que podes fazer.
José olha rapidamente para os itens da folha.
- UAU....Até aqui está o menu do jantar, não fosse eu ter a audácia de pensar. - olha para Maria - Sabes, ser o teu empregado doméstico não é assim tão diferente do meu último emprego.
- Mas neste tens regalias sexuais. - diz-lhe Maria enquanto lhes dá um beijo.
- Estás-te a esquecer que o meu último emprego foi no passado fim de semana onde fui ajudar o veterinário a fazer a recolha de sémen de um cavalo. E olha que no fim, fiquei com a sensação que o cavalo me piscou o olho. - diz José.
Maria dá-lhe uma pequena palmada nas costas.
- Estúpido. Quando é que ele te volta a chamar?
- Não sei. Depois da piscadela de olho, ele disse que me telefonava....e até hoje... - diz José desiludido - Sinto que fui usado por ele.
Maria suspira e diz-lhe:
- Estou a falar do veterinário e não do cavalo.
- Eu também. Mulher, o que é que tu estavas a pensar? Que fantasias tortuosas andam nessa tua cabeça?
- Bom. Já estou atrasada e não tenho tempo para as tuas parvoíces. Um beijo. - diz Maria enquanto se prepara para despedir de José.
- E a Rita? Ainda dorme? - pergunta-lhe José, enquanto Maria já se dirige para a porta da rua.
- Sim. Agora que cá ficas pode dormir mais um pouco, mesmo que chegue atrasada ao infantário. - diz Maria ao mesmo tempo que abre a porta da rua.
- É verdade. Até porque só graças a esses atrasos é que me apercebi que a nossa filha tem uma educadora toda giraça.
- E ela já sabe que satisfazes cavalos? - pergunta Maria já do lado de fora.
José enrola rapidamente a folha das tarefas e atira a mesma à porta da rua, a qual é fechada por Maria assim que acaba de falar.
José levanta-se, apanha a folha, agarra num lápis e começa a ler, em voz alta, o que lá está escrito:
- Arrumar a sala. - José olha para a mesma, olha para a folha e risca esse item, ao mesmo tempo que diz - Feito. Segunda tarefa. Dar um jeito à casa de banho. - José deixa a folha e o lápis na mesa da cozinha e sai da divisão. Ouve-se depois o barulho de José a despejar a bexiga e posteriormente a despejar o autoclismo. Regressa depois à cozinha, agarra no lápis e risca a folha, ao mesmo tempo que diz - Feito.
Entretanto, entra Rita na cozinha, já vestida, mas ainda um pouco ensonada.

Nota: O autor do blog pode, a qualquer momento, modificar a história e as respectivas personagens (porque não passam disso, de histórias e de personagens imaginadas).